sábado, 23 de agosto de 2008

O calvario de quem zela pela sociedade..

Doentes mentais às voltas

Cospem, gritam, chamam nomes aos agentes da PSP e aos militares da GNR e chegam a ameaçar abandonar a ambulância em andamento.
É desta forma que reagem os doentes mentais com mandado de internamente compulsivo que viajam amarrados à maca do Algarve para Lisboa.
Quando não há psiquiatras suficientes no Sul ou quando as Urgências psiquiátricas estão encerradas, os doentes são enviados para o Hospital Curry Cabral, em Lisboa.
A maior parte destes transportes é feita sem a presença de um enfermeiro, porque a lei a isso não obriga.
Quando acordam e a medicação deixa de fazer efeito, não há nenhum profissional de saúde para os acalmar, apenas um agente policial, sem formação em saúde.
Segundo um agente da PSP, que nos últimos cinco anos acompanhou a Lisboa 12 pacientes com mandado de internamento compulsivo, "a viagem torna-se um calvário e a paciência vai-se esgotando".
Depois do Hospital Curry Cabral confirmar o internamento compulsivo, as autoridades têm de regressar ao Algarve com o doente novamente amarrado para ser internado.

Os internamentos compulsivos no Hospital Central de Faro duplicaram no primeiro semestre do ano, registando-se 54 internamentos desta natureza. A falta de psiquiatras na região obrigou, durante este período, a deslocar 50 doentes mentais até ao Curry Cabral.
Segundo a Administração Regional de Saúde do Algarve, a região conta, neste momento, com 12 psiquiatras – sete em Faro e cinco no Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, em Portimão. Como as Urgências de Faro só funcionam das 09h00 às 18h00, durante seis dias, se surgir uma situação urgente de internamento compulsivo durante este período ou aos sábados, os pacientes são encaminhados para o Curry Cabral, que determina se é necessário o internamento.

COMO FUNCIONA

LEI DA SAÚDE MENTAL
Segundo o artigo 23.º da Lei da Saúde Mental, "o mandado é cumprido pelas forças policiais, com o acompanhamento, sempre que possível, dos serviços do estabelecimento".
FARO NÃO CEDE
De acordo com a directora clínica do Hospital de Faro, Helena Gomes, se o doente chegar àquele hospital sem um enfermeiro a acompanhar a autoridade policial, também não é daquela unidade que vai ser cedido um.
MANDADOS
Os mandados de internamento compulsivos são solicitados pelo delegado de saúde, que pede uma "avaliação clínico-psiquiátrica", e autorizados pelo Ministério Público. A pessoa é encaminhada para a Urgência mais próxima.
in Correio da manhã
E digo eu: e quando o Agente está toda a manhã de Sábado no hospital a aguardar transporte e só há disponibilidade quase no fim do turno..fazer toda a viagem a Lisboa, regressar sem ter almoçado etc. etc.